Aos olhos masculinos e heterossexuais,
peitos gratuitamente desnudados em sequências cinematográficas ou revistas
sensuais também não são uma visão importuna. Pelo contrário, são muito
apreciados. Prova disso são comentários nos bate-papos com amigos em mesas de
bar ou em sites de discussão.
Mas “ai” da mulher que praticar o
topless como protesto. Nessa infeliz Geni que substituir a ação de queimar
sutiãs pela ausência total da vestimenta serão jogadas críticas ácidas,
adjetivos sujos. Sem zepelins para sua redenção! Um exemplo são as
manifestantes do Femen, movimento ucraniano que utiliza a exposição dos seios
para fazer oposição ao pensamento patriarcal, ao preconceito religioso e à
exploração sexual.
Recentemente na Paris da feminista
Simone de Beauvoir, essas representantes eslavas do segundo sexo ofereceram às colegas
francesas um treinamento para a arte do protesto nu, e foram alvo de
questionamento. Ouviram da mídia, logicamente, as velhas perguntas repetitivas
sobre uma suposta incoerência de se usar a nudez como manifestação contra a
exploração sexual.
Sem dúvida, o movimento apela para o
choque para atrair atenção para suas reivindicações, muitas vezes pintadas
sobre a pele. Afinal, o nu chama atenção, ainda gera publicidade, é quase um
grito.
Aliás, é assustador que em pleno
século 21, às margens de um hipotético apocalipse maia, o nu feminino
voluntário tenha o poder de ofender. Principalmente quando a imagem do corpo de
mulheres usado como aperitivo no entretenimento seja tão comum. Não, mulher, é
muito mais indecente se dizer: “Esse é meu corpo, eu o domino, posso expô-lo e
ninguém está livre para me estuprar ou tocar por isso”.
[Crônica produzida para a aula de Ténicas de Redação: Jornalismo Opinativo, em 27 de novembro de 2012.]
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